segunda-feira, 2 de maio de 2011

Osama, rigor mortis, tv, etc.

ligo a tv e
assisto centenas de
pessoas: todas elas eufóricas e quentes, com seus lábios e vozes, ossos e
carne e unhas e cada qual com seu coração
pulsante, comemorando a morte de
outra pessoa: essa perpetuamente imperturbável,
com seus lábios agora
mudos e frios, assim como sua carne - talvez rígida
devido às recém mudanças
químicas conseqüentes do óbito -, além de seu
coração que, evidentemente, não
pulsa mais. comemorar a morte é algo
fascinante: o triunfo de sentimentos humanos primitivos sobre a
moral. tragédia é a vida - assim
como a tv - continuar tão banal e sem
significado.